*Texto bíblico base: Atos dos Apóstolos, capítulo 11, versos de 1 à 18.
Em uma ocasião, disse Charles Spurgeon: “Tenho pregado o Evangelho de Cristo, por
muitos anos, e jamais conheci alguém que, tenha confiado em Cristo e pedido
perdão pelos seus pecados e Ele o tenha lançado fora; Nunca me encontrei com
um só homem que tivesse sido recusado por Jesus; Tenho conversado com mulheres
às quais Ele restituiu a pureza primitiva; com bêbados a quem Ele livrou dos
hábitos vis e com outros culpados de horríveis pecados, que se tornaram puros
como criança. Sempre ouço a mesma história: "Busquei o Senhor e Ele me
ouviu; lavou-me no seu sangue e estou mais branco do que a neve".
O texto bíblico que acabamos de ler, Pedro se justifica
por ter batizado Cornélio e por estar pregando a Palavra de Deus para os
gentios, quando subia para Jerusalém. Esta perícope traz como ideia central a
discriminação e o preconceito referente à conversão dos gentios, no caso,
sobre o batismo do centurião. Os que eram da circuncisão questionaram a Pedro
em relação a este fato, pois Cornélio era gentio, e consequentemente
incircunciso. Pedro, responde a esses questionamentos relatando a visão que
teve, onde o Senhor mandou-o matar animais para comer, e assim saciar a sua
fome. Porém, Pedro se nega e resiste a Deus, dizendo que não colocaria algo
comum ou impuro em sua boca. Entretanto, Deus o adverte: “Não chame de impuro
o que Eu, o Senhor, purifiquei!”.
O livro dos Atos dos Apóstolos é sempre atual.
Dessa forma, como nós, a Igreja de Cristo e futuros pastores e pastoras,
estamos lidando com o nosso próximo? Como estamos lidando com os chamados
“incircuncisos”?
Deus utiliza a visão para ensinar a Pedro, quando
estava com fome, que:
Nenhum ser humano é comum ou imundo: Com a revelação da cruz
ficamos sabendo que o Cordeiro de Deus tirou o pecado do mundo, como está
escrito em João 1: 29; O Cordeiro levou sobre si a iniquidade de todos e todas
(Is 53: 4 a 6). A manifestação de Cristo, sua morte e ressurreição, nos trouxe
paz e santificação eterna diante de Deus (Rm 4: 25, Rm 5: 1, Hb 13: 20). Por
causa da Cruz não há mais o ministério da morte e condenação, o Velho
Testamento foi abolido em Cristo, pois Cristo é o fim da Lei (2 Co 3:6 a 14,
Rm 10: 4). E se não há mais Lei, também não há mais transgressão como quebra
da Lei. Ninguém mais deve acusar seu próximo de pecador, impuro, pois tudo é
lícito e assim não há proibição de nada (1 Co 6: 12), porém, nem tudo nos
convém. Pedro, de acordo com o livro de Atos, não tinha esse entendimento
quando Deus lhe mandou pregar para o centurião Cornélio, que era gentio. Pedro
ainda estava preso à interpretação judaica, de que os Judeus eram puros e
outros povos imundos, todavia, Deus mostrou para esse apóstolo que todos os
seres humanos são especiais e santos perante Deus, ou seja, não são comuns: “E
disse-lhes: Vós bem sabeis que não é lícito a um judeu ajuntar-se ou chegar-se
a estrangeiros; mas Deus mostrou-me que a nenhum homem devo chamar comum ou
imundo; (Atos 10: 28)”.
Todos e todas merecem conhecer e viver o Evangelho que
salva e restaura, pois:
Deus não faz acepção de pessoas: O ser humano tende a se alto
promover por suas origens culturais ou por seus méritos e qualidades que lhe
são atribuídas. No entanto, em vez de colocar a Cristo como sendo seu mentor e
como seu ajudador ele se alto promove para conseguir seus objetivos. E sua
religião como um pedestal para subir à custa dos outros, como os judeus no
texto lido. Não há razão para ostentar orgulho como eles, que se orgulhavam de
sua nacionalidade, da Lei e da circuncisão. Os gentios eram insolentes,
arrogantes e gabavam-se de coisas como poderio militar ou suas filosofias. Os
cristãos, por sua vez, não têm do que se orgulhar, pois a fé por meio da qual
somos justificados não está baseada em méritos. Além disso, a fé em Cristo está disponível a
todos. Cornélio, sendo gentio, deixou o orgulho de lado, e rendeu-se a Cristo,
para segui-lo e obter sua redenção.
Assim como Deus fez com que Pedro sentisse fome, assim
Ele também nos faz sentir “fome” pela:
Salvação de todos os seres humanos: É correto dizer que “todos os
seres humanos sejam salvos”, porque sabemos que ninguém salva a si mesmo.
Temos que ter uma disposição para com todos os seres humanos, que é também a
disposição de Deus. Mas sabemos que nem todos os humanos serão salvos e este
conhecimento pode nos levar a tratar a alguns com menor atenção do que outros,
ou limitar a pregação do Evangelho apenas àqueles que “achamos” que serão salvos
ou salvas, o que é um erro muito grave. Deus não limitou seu Evangelho: Ele é
proclamado em todos os lugares, apesar de nem sempre encontrar ouvidos
receptivos. Então Deus realmente está colocando a salvação à disposição de
todos e todas, e essa também deve ser à disposição do coração de todo aquele
que crê: interceder por todos os homens, mulheres, crianças, idosos... O
assunto desta prédica não são os conselhos eternos de Deus, a eleição ou
predestinação, ou aqueles que o Pai dá ao Filho para que sejam salvos. O
assunto é a disposição para com todos os homens em graça, algo que é
compatível com o amor de Deus (que não precisava salvar ninguém, mas quis
fazê-lo) e deve ser também com o amor que devemos demonstrar para com todos os
humanos. Deus fez a obra, enviou Jesus Cristo para morrer, ressuscitou-O
dentre os mortos e abriu as inscrições para o céu. No que diz respeito ao
Evangelho, a porta está aberta para todos e todas, porque Cristo morreu pela
humanidade, mas apenas serão salvos, aqueles cujas iniquidades Cristo levou
sobre Si. “Jesus Cristo morreu por todos e todas!” (2Co 5:15).
Para concluir, Pedro mostrou aos
Judeus, através de sua visão dada por Deus que, mesmo Cornélio sendo gentio,
ele teve o direito de se converter a Cristo e de ser batizado, pois a partir
deste momento, foi purificado por Deus. Como pastores e pastoras, temos como
tarefa, acolher a todos e todas, não importando sua raça, cultura, etnia,
sexo... Mas o que realmente deve ser feito, é que amemos nosso próximo como Jesus
nos ensinou, e saber, que a salvação é para toda a humanidade. Que Deus vos
abençoe.